quarta-feira, 2 de maio de 2007

Hipotiroidismo




Quando o organismo produz tiroxina em quantidade insuficiente, o metabolismo abranda e fala-se então de hipotiroidismo, uma das principais patologias que afectam a tiróide, sendo assim, o hipotiroidismo é uma síndrome clínica relativamente comum que resulta de uma deficiência da produção de hormonas da glândula da tiróide.
O Hipotiroidismo pode ser classificado em dois tipos: primário, quando há um defeito ou destruição da própria tiróide, e secundário quando a causa resulta de problemas associados à hipófise ou ao hipotálamo. A maior parte dos casos é de causa primária, sendo as causas secundárias raríssimas.
Os sintomas de hipotiroidismo manifestam-se progressivamente.
A rapidez da terapia é crucial nas crianças com um defeito congénito: se o tratamento for efectuado nos três primeiros meses de vida, são evitados outros problemas decorrentes do hipotiroidismo congénito tais como o cretinismo e o nanismo.
A maior parte dos casos de hipotiroidismo resulta do desenvolvimento orgânico de anticorpos, por parte do organismo contra a sua própria glândula tiróide, com uma redução consequente na produção de hormonas tiroideias. A tiroidite de Hashimoto é um exemplo deste fenómeno.
Sendo esta uma das causas mais frequentes existem também outras como o tratamento de hipertiroidismo (o tratamento com iodo radioactivo); a remoção cirúrgica, parcial ou total, da tiróide; doenças inflamatórias ou imunológicas de que são exemplo as tiroidites; certos medicamentos receitados para tratamento da depressão e de arritmias cardíacas.
Em muitos países em vias de desenvolvimento a causa mais frequente é a carência de iodo na dieta alimentar, que produzirá um aumento do tamanho da glândula, reduzindo o seu rendimento (bócio hipotiróideo).
A falta de TSH, que surge em certas doenças cerebrais, é uma das causas raras de hipotiroidismo assim como algumas doenças herdadas, em que uma anomalia enzimática nas células da tiróide impede que a glândula produza ou segregue quantidade suficiente de hormonas tiroideias. Outras perturbações ocorrem quando o hipotálamo ou hipófise não produzem hormonas na quantidade suficiente para estimular o funcionamento normal da tiróide.
Geralmente, o hipotiroidismo não é grave. A única complicação que pode por em perigo a vida do paciente é o coma resultante do hipotiroidismo.
Esta implicância é mais frequente nas pessoas que vivem em climas frios e não se tratam adequadamente.
As pessoas que tem mais possibilidades de apresentar ou desenvolver hipotiroidismo são: mulheres, especialmente acima dos 35 anos, homens acima dos 65 anos, mulheres em período pós-parto (seis meses após o parto), pessoas que já tiveram patologias da tiróide anteriormente, pessoas com história familiar de doenças auto-imunes da tiróide (por exemplo a tiroidite de Hashimoto), pessoas que apresentem outras doenças auto-imunes como: Diabetes Tipo I, Lúpus e Artrite Reumatóide; pessoas que tiveram em tratamento de radioterapia de cabeça e pescoço e pessoas em uso de lítio ou amiodarona.
Um grande número de indivíduos apresenta sintomas vagos de cansaço e desânimo, atribuindo-os de forma errada, como sendo próprios da idade.
Tanto homens como mulheres podem desenvolver hipotiroidismo.

Sintomas

As hormonas tiroideias são fundamentais para o normal funcionamento do nosso corpo e a sua falta a nível dos tecidos e órgãos provoca o aparecimento de sinais que podem ser mais ou menos evidentes, dependendo do grau do hipotiroidismo e do seu tempo de evolução. Em acentuado contraste com o hipertiroidismo, os sintomas do hipotiroidismo são subtis e graduais e podem ser confundidos com uma depressão.

Os sintomas referentes ao Hipotiroidismo são:


- expressões faciais toscas,
- voz rouca,
- audição lenta,
- pálpebras caídas,
- olhos e a cara inchados e salientes,
- aumento do peso,
- prisão de ventre,
- intolerância ao frio,
- cabelo ralo, áspero e seco,
- pele áspera, grossa, seca e escamosa,
- irregularidades menstruais,
- diminuição da fertilidade,
- diminuição da capacidade para o trabalho,
- síndrome do canal cárpico, provocando formigueiro ou dor nas mãos,
- pulso mais lento,
- palmas das mãos e as plantas dos pés aparecem um pouco alaranjadas (carotenemia)
- parte lateral das sobrancelhas solta-se lentamente,
- diminuição do apetite,
- sonolência;
- falência do coração (insuficiência cardíaca) e mesmo coma, nos casos mais graves

Os idosos, homens ou mulheres, são vulneráveis à diminuição da função tireoidiana, portanto, é importante o exame anual para determinação do nível do TSH após os 50 anos.
Pessoas que trataram hipertiroidismo quando jovens, apresentam maior probabilidade de apresentar hipotiroidismo no futuro.




Localização de alguns sintomas no corpo.



Diagnóstico

No passado, o hipotiroidismo era, em geral, diagnosticado quando já estava em estágio avançado. Hoje, a sensibilidade dos novos testes laboratoriais possibilitam o diagnóstico em fase muito precoce.
O problema no diagnóstico é quase sempre uma falha em suspeitar que os valores das análises se devam à toma de determinados medicamentos e não a uma alteração resultante de patologias da tiróide.
Um nível elevado de TSH pode ser um indício de hipotiroidismo. Quando existe um hipotiroidismo clínico incontestável com T4 claramente baixo, mas uma concentração normal ou deprimida de TSH, o diagnóstico provável é de hipotiroidismo secundário, ou seja, um hipotiroidismo resultante de um mau funcionamento da hipófise e não da tiróide.
As concentrações séricas de T3 e a captação de Iodo Radioactivo pela tiróide não são úteis no diagnóstico do hipotiroidismo.
No recém-nascido, deve ser realizada a triagem neonatal através do teste do pezinho.
No adulto, o diagnóstico é estabelecido pelas dosagens de T4 e TSH, e se as mesmas estiverem alteradas (T4 baixo e TSH elevado), deve ser investigada a causa do problema através da pesquisa de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), antimicrossomais ou antitireoglobulina, que demonstrarão a causa auto-imune do distúrbio. Em pacientes com cirurgia prévia, além dos anticorpos, pode ser realizada também a pesquisa do resíduo de tecido tiróideo remanescente através da ultra-sonografia ou da cintilografia de tiróide. Deve ser também analisado o perfil lipídico do paciente, uma vez que ocorre severa dislipidemia associada ao estado de hipotiroidismo.


Tratamento

É indispensável tratar o hipotiroidismo, pois a falta de tratamento pode ocasionar sérios danos para a saúde. Os riscos da falta de tratamento do hipotiroidismo diferem de pessoa para pessoa.
Crianças e adolescentes com hipotiroidismo podem ter o seu desenvolvimento mental e físico seriamente comprometido, se não forem tratados prontamente.
Nos adultos, as consequências do não tratamento do hipotiroidismo podem provocar considerável desconforto ou incapacidade. Se o hipotiroidismo for acentuado, o não tratamento pode resultar em alterações mentais e cardíacas de maior gravidade.
Como a maioria dos casos de hipotiroidismo resulta de danos irreversíveis da glândula tiróide, não existe tratamento que proporcione cura definitiva.
A quantidade (dose) de medicamento necessário varia de doente para doente e tem que ser periodicamente acertada pelo Endocrinologista de acordo com o exame clínico e os resultados das análises hormonais porque as necessidades podem variar ao longo da vida. Durante a gravidez, por exemplo, as doses têm frequentemente que ser aumentadas. A prescrição de doses superiores ou inferiores às necessárias têm inconvenientes para a saúde.


Hipotiroidismo Subclínico

O que caracteriza o hipotiroidismo subclínico é a associação do aumento da TSH com a presença de níveis normais da T4.
O hipotiroidismo subclínico é normalmente assintomático (sem sintomas) e o diagnóstico é feito em doseamentos hormonais de rotina com ou sem associação a vagos sintomas clínicos. No exame clínico a tiróide pode não ser palpável ou ter ligeiro aumento do volume. As causas mais frequentes do hipotiroidismo subclínico são a doença auto-imune da tiróide e o tratamento insuficiente do hipotiroidismo. As outras causas, menos frequentes, são: tratamento do hipertiroidismo (durante ou após), tiroidite do pós-parto, tratamento com amiodarona, citoquinas, iodo e lítio.
A idade, o sexo feminino e a presença de anticorpos antitiroideus estão associados com a maior prevalência do hipotiroidismo subclínico e com a sua evolução para hipotiroidismo. A progressão anual para hipotiroidismo clínico é de cerca de 5% na mulher com anticorpos antitiroideus positivos e TSH elevada.
A necessidade de fazer o rastreio do hipotiroidismo subclínico tem sido tema de debate e controvérsia. É hoje consensual fazer o rastreio em todas as mulheres após os 50 anos de idade, na mulher grávida que apresenta bócio ou outras doenças auto-imunes e história familiar de doença da tiróide.


Hipotiroidismo congénito

O Hipotiroidismo Congénito (HC), é a causa mais comum de retardo mental evitável, decorrente da ausência ou deficiência da secreção da hormona tireoidiana.
Há cerca de 30 anos vários programas de triagem para o HC tem-se desenvolvido no mundo com o objectivo de tornar-se possível a realização de diagnóstico e tratamento precoces da doença, evitando as suas consequências. Cerca de 1 em 4.000 recém-nascidos (RN) triados possuem Hipotiroidismo Congénito.


Classificação do Hipotiroidismo Congénito

O Hipotiroidismo Congénito pode ser primário, secundário ou terciário. Os dois últimos são também denominados de HC central e são provocados por lesões congénitas na hipófise ou no hipotálamo, respectivamente, mas estas formas são muito raras.
O HC primário é causado por anomalias na formação ou na função da glândula tiróide que podem ser permanentes ou transitórias. As formas permanentes são as mais importantes por serem mais frequentes e pelo facto de necessitarem de tratamento para toda a vida.



Hipotiroidismo Congénito Primário Permanente

As formas permanentes são responsáveis por cerca de 85% dos casos de HC, estas são causadas por anormalidades na formação da glândula tendo, portanto, a possibilidade de ocorrer em irmãos embora a probabilidade disto acontecer seja quase nula.
Outra causa importante do HC primário permanente são os defeitos de síntese hormonal, que se devem a factores hereditários daí que se deva fazer o aconselhamento genético aos pais mostrando a possibilidade de novos casos na família e a importância redobrada do diagnóstico logo ao nascimento.

Transitório

As formas transitórias são menos frequentes no HC primário e podem ser provocadas principalmente pela insuficiência ou excesso de iodo materno, fetal ou no recém-nascido, outra das suas causas deve-se à passagem transplacentária de drogas antitireoidianas ou de auto-anticorpos maternos. Apresenta-se às vezes com bócio. Podem ser de curta duração, mas normalmente necessitam de tratamento que tem sido até aos três anos.


Diagnóstico Clínico

As manifestações clínicas dependem da idade do diagnóstico do Hipotiroidismo e da intensidade da deficiência hormonal.
Diagnóstico Laboratorial
Os exames laboratoriais utilizados no HC são as dosagens de TSH e T4 livre, para a confirmação e acompanhamento da doença. Os exames para esclarecimento da etiologia são, normalmente, ultra-sonografia e exames com iodo.






Hormonas tiroídeias


Hormonas: as hormonas são substâncias proteicas ou derivadas do colesterol. O mecanismo de acção da maior parte delas não está completamente esclarecido, sabe-se que aceleram ou retardam as trocas químicas nas membranas celulares sem dar lugar a novas trocas. Grande parte das hormonas são segregadas pelas glândulas endócrinas e são transportadas pela corrente sanguínea para exercer a sua acção em partes distantes do corpo.
As hormonas são substâncias de natureza química que regulam funções vitais dos organismos, sejam estes animais ou vegetais. O termo hormona foi criado no início do século XX, para descrever uma substância segregada em células intestinais e transportada pelo sangue até ao pâncreas. As hormonas são elaboradas essencialmente pelas glândulas endócrinas, sendo, posteriormente, libertadas na circulação sanguínea e depois conduzidas por esta até aos órgãos cujo funcionamento e desenvolvimento estimulam.
Cada hormona tem o seu metabolismo próprio, contudo existem pontos comuns ao funcionamento de todas elas: são produzidas a partir de substâncias de natureza química (proteínas e colesterol); existem no organismo em quantidades muito pequenas (alguns microgramas a alguns miligramas por litro de sangue); têm uma duração de vida muito curta (alguns minutos a algumas horas) e são rapidamente catalizadas pelo fígado e eliminadas pela urina ou bílis sob a forma de produtos inactivos.

A tiróide produz dois tipos principais de hormonas: a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3) (hormonas circundantes).





Estas hormonas (T3 e T4) formam-se através da combinação de iodo com a tirosina ( aminoácido) nas células foliculares da tiróide.
A triiodotironina possui três moléculas de iodo na sua constituição enquanto que a tiroxina possui quatro.

Monoiodotirosina + Diiodotirosina = Triiodotironina ( T3)
Diiodotirosina + Diiodotirosina = Tiroxina ( T4)

A tiróide produz maioritariamente tiroxina (T4), que constituem cerca de 80% de hormonas produzidas pela tiróide, os restantes 20% dizem respeito à produção de Triiodotironina(T3).
A hormona T3 é muito mais activa que a hormona T4. Uma grande parte da T3 que actua ao nível das células de todo o organismo resulta da conversão de T4 em T3 em vários órgãos fora da tiróide.
Estas hormonas são insolúveis e para que possam solubilizar-se no sangue é necessária a intervenção de proteínas às quais se ligam para poderem circular nos vasos sanguíneos.
As hormonas tiroideias têm funções muito importantes em todo o corpo incluindo um papel fundamental no crescimento físico e num desenvolvimento mental normal.
As T3 e T4 regulam o metabolismo basal (actividade química das células que liberta energia dos nutrientes ou utiliza essa energia para produzir outras substâncias, como por exemplo proteínas) e intervêm na maturação do sistema nervoso ( uma criança que nasça sem actividade na tiróide, apresentando ausência de tiroxina, sofrerá sempre um elevado atraso mental).




As hormonas tiroideias influenciam o batimento cardíaco, a secreção gástrica e intestinal, o nível de colesterol sanguíneo, o peso corporal, o nível energético, a força muscular, os órgãos reprodutores, a memória e muitas outras funções corporais.
A tiroxina (T4) intervém ainda no controlo dos reflexos e na velocidade dos processos anabólicos (síntese de novas moléculas) e catabólicos (produção de energia a nível celular).

A tiroxina, em virtude de regular a taxa de metabolismo basal, intervém também na regulação da temperatura do corpo, motivo pelo qual os indivíduos que sofrem de hiperactividade da tiróide tendem a ter sempre a sensação de calor.

Assim, sumariamente, pode-se dizer que as hormonas da tiróide têm dois efeitos sobre o metabolismo; estimular quase todos os tecidos do corpo a produzir proteínas e aumentar a quantidade de oxigénio que as células utilizam.



Como se processa o mecanismo de controle da produção de hormonas tiroideias?

Hipótalamo : região do cérebro, aproximadamente do tamanho de uma cereja, situada por detrás dos olhos e por baixo de outra região do cérebro, o tálamo. Tem conexões nervosas com a maior parte das outras regiões do sistema nervoso.




Hipófise: anteriormente designada por glândula Pituitária, a hipófise é a mais importante das glândulas endócrinas. A hipófise regula e controla as actividades de outras glândulas endócrinas. A hipófise é uma estrutura em forma de ervilha suspensa na base do cérebro, logo abaixo dos nervos ópticos, e situa-se numa cavidade do crânio designada por sela turca.


Mecanismo de contra-regulação







A hipófise e o hipotálamo são responsáveis pela regulação dos níveis de hormonas tiroideias no sangue.
Quando o nível de T3 e T4 no sangue diminui, a hipófise produz a hormona estimulante da tiróide denominada tirotrofina (TSH). Esta hormona estimula a tiróide a produzir mais hormonas a fim de regular os níveis das mesmas no sangue. Da mesma forma, quando os níveis de T3 e T4 no sangue são elevados, a hipófise responde a este aumento dos níveis de T3 e T4 através da diminuição da produção de TSH. Pode-se imaginar a tiróide como sendo um forno que produz calor (hormonas) e a hipófise como sendo o termóstato que regula o forno.
Não é apenas a tiróide que é sujeita a uma regulação, por sua vez, a hipófise é regulada pelo Hipótalamo que produz uma outra hormona, a TRH (hormona libertadora da tirotrofina) que “diz” à hipófise para estimular a tiróide ou não. Continuando a mesma analogia, poder-se-á dizer que a tiróide é o forno, que liberta mais ou menos calor (hormonas) em função daquilo que lhe é dito pelo termóstato ( hipófise), que , por sua vez, é regulado por uma pessoa (Hipótalamo).As hormonas estimuladoras da tiróide designam-se trofinas, ou hormonas tróficas.
A tiróide é, por isso, um maestro do corpo humano, pois através da produção de hormonas tiroideias, função pela qual é responsável, regula todo o nosso complexo e distinto organismo.



Era uma vez..

Era uma vez um grupo de alunos (5 gatos pingados) que resolveu ocupar o tempo livre criando uma seca de um blog que no fundo, bem lá no fundo, até tem interesse!!! As Anas Ritas, a Juliana, o João Pedro e um tal de Nuno Duarte decidiram criar este blog, quase, quase perfeito, para divulgarem o seu projecto, " A tiróide sob investigação", no âmbito da disciplina de àrea de projecto e , finalmente, aqui está ele, prontinho a receber comentários, propostas, dúvidas e mesmo críticas, por isso estão a espera de quê??