domingo, 3 de junho de 2007

BÓCIO – Aumento da tiróide

Pode ser designado por papo, papada, papeira, bócio uninodular, caroço na tiróide ou por caroço no pescoço e corresponde a um conjunto de doenças que se desenvolvem na glândula tiróide caracterizadas por um aumento do volume do pescoço, localizando-se na região anterior e interior do pescoço. Este aumento da tiróide pode ser difuso ou nodular conforme a presença ou ausência de nódulos na tiróide, no caso de se tratar de bócio nodular este pode ainda ser uninodular ou multinodular dependendo do número de nódulos, o bócio pode ainda ser tóxico ou atóxico, dependendo se o bócio se faz acompanhar de excesso de produção de hormonas ou défice de produção das mesmas. Assim, se o bócio for tóxico nodular este pressupõe que um ou mais nódulos na tiróide produzem uma quantidade excessiva de hormonas tiroideias. O bócio afecta principalmente mulheres entre os 20 e os 40 anos de idade e atinge cerca de 5% da população mundial.


Nódulo: pequena massa de tecido, geralmente com mais de 5mm de diâmetro. Um nódulo pode crescer a partir da superfície da pele ou formar-se profundamente debaixo da pele podendo ser duro ou mole. No caso dos nódulos da tiróide, tratam-se de verdadeiros tumores benignos hiperfuncionantes.



Quais são as doenças onde se evidencia uma associação com o bócio?

A Doença de Graves é uma doença caracterizada por bócio tóxico (hiperactividade e hipertrofia da tiróide), com produção excessiva de hormonas tiroideias, originando tirotoxicose (situação tóxica resultante do hipertiroidismo) e, por vezes, exoftalmia (proeminência dos globos oculares). Este tipo de doença caracteriza-se por ser uma doença auto-imune.

É de realçar, também, que o aumento da tiróide causado por falta de iodo é chamado bócio Endémico que, quando surge na infância, resulta numa anomalia conhecida por cretinismo, em que não se completa o crescimento nem o desenvolvimento mental ou sexual do indivíduo. Felizmente, o bócio Endémico pode ser facilmente tratado através do aumento do consumo de iodo na alimentação. O bócio ocorre também em vários tipos de tiroidites, entre as quais a tiroidite de Hashimoto e tiroidite de Quervain;

O bócio pode ser provocado por um tumor ou nódulo da tiróide e, em casos raros, por cancro ou pela ingestão de medicamentos antitiroideos, que reduzem a actividade da glândula tiróide.

Como é que o bócio se desenvolve?


A glândula tiróide pode aumentar na puberdade, durante a gravidez ou como resultado do uso de contraceptivos orais, ou seja, sem qualquer distúrbio de funcionamento por parte da tiróide pois, o bócio tanto pode surgir em tiróides hiperfuncionantes ou normais.

Em diversas partes do mundo, o bócio deve-se, essencialmente, à insuficiência de iodo na alimentação. O bócio pode desenvolver-se como consequência de tiroidites (como a de Hashimoto por exemplo), na doença de Graves e noutras formas de hipertiroidismo. O bócio pode ainda ser provocado por um tumor ou nódulo da tiróide e, em casos raros, por cancro ou pela ingestão de medicamentos antitiroideios que reduzem a actividade da tiróide.

Assim, sumariamente podemos concluir que as principais causas de bócio são:

A falta de iodo na dieta, como acontece em regiões carentes deste elemento no meio ambiente, especialmente em regiões montanhosas.

Doenças familiares decorrentes de defeitos nas diversas etapas de síntese das hormonas;

Doenças auto-imunes, nas quais se desenvolvem anticorpos contra a tiróide que podem bloquear ou estimular a produção de hormonas;

Proliferação dos folículos da glândula, formando o chamado bócio colóide;

Tumores benignos cuja origem é desconhecida;

Tumores malignos, que podem apresentar vários tipos de acordo com a sua constituição e que podem ser familiares ou associados à exposição à radiação;

Quais são os sintomas?

Dificuldade respiratória, principalmente quando se elevam os braços simultaneamente;

Dificuldade para deglutir;

Tosse irritativa;

Voz com duas tonalidades;

Rouquidão;

Dilatação das veias do pescoço;

Dor local (muito raramente);

Os nódulos são, em geral, assintomáticos, provocando sintomas locais quando alcançam grandes volumes, contudo, embora raramente, podem provocar dor na parte da frente do pescoço que parece surgir da mandíbula ou da orelha. Caso se trate de um nódulo grande pode provocar alguma impressão ao deglutir e respirar.

Além destes sintomas, o bócio pode fazer-se acompanhar de outros resultantes do aumento ou diminuição da produção de hormonas por parte da tiróide (hipertiroidismo ou hipotiroidismo).

Como faz o médico o diagnóstico?

O médico faz o diagnóstico recolhendo a história clínica do doente e realizando o exame clínico completo, incluindo a palpação ao pescoço e da região onde se torna perceptível o aumento de volume. Palpando o pescoço, o médico vai determinar a localização, tamanho e consistência do nódulo. É importante saber se se trata de um só nódulo ou de vários pois, quando se trata de mais de um nódulo, é habitualmente uma situação benigna chamada bócio multinodular.

A realização de uma ecografia irá permitir saber se há apenas um nódulo ou se são vários, se são sólidos ou líquidos (quistos), se o resto da glândula está maior que o habitual e se as células aparentam estar a funcionar naturalmente. O diagnóstico é também elaborado com base nos níveis de hormonas tiroideias que são obtidas em exames ao sangue.

A partir destas observações, podem ser realizados exames de confirmação que incluem a dosagem das hormonas da tiróide (T3 e T4), a hormona que controla a tiróide (THS), os anticorpos antitiróide (antiTPO, antimicrossomais, antitireoglobulina, TRAB), a ultra-sonografia e a cintilografia da tiróide.

Conforme o parecer do médico pode ser necessário fazer uma citologia aspirativa. Neste exame, também designado de biopsia, as células aspiradas são estudadas ao microscópio por um especialista e é, então, possível saber se se trata de um nódulo benigno, maligno ou se é um nódulo que terá de ser operado para existir a certeza de que o mesmo é benigno. Ocasionalmente, quando se trata de um quisto, é possível aspirar o líquido do seu interior.

Como se trata?

O tratamento irá depender do resultado dos exames efectuados pelo paciente. O tratamento envolve medicamentos para controlar o excesso ou a diminuição do funcionamento da tiróide.

Nos casos de suspeita de tumores da tiróide, está indicada a cirurgia de remoção da tiróide. Após a cirurgia, o doente deve ser avaliado para detectar a presença de resquícios do tumor e se os mesmos existirem, receber tratamento com iodo radioactivo. Nos casos de bócios com manifestações de compreensão das estruturas do pescoço, está indicada a cirurgia de remoção da região em que ocorre o aumento de volume.

Após a cirurgia o paciente deverá ser avaliado, no sentido de se verificar se o mesmo necessita ou não de reposição hormonal com vista a evitar o hipotiroidismo.

Como se previne?

Nos ambientes com deficiência de iodo, o mesmo deve ser administrado através da adição de iodo ao sal de cozinha. No sentido de evitar o aparecimento de tumores, deve ser excluída a radioterapia sobre a tiróide e a contaminação da mesma com radioactividade.

Na medida em que variadíssimas doenças são familiares, ao aperceber-se de que um doente seja portador de uma doença tiroidea (como o caso do bócio), o médico deve analisar o envolvimento familiar da doença, o que poderá levar a solicitar exames específicos para algumas dessas doenças.

Resumindo

DE UM MODO GERAL, vimos que o bócio corresponde a um aumento da glândula tiróide, visível como um inchaço no pescoço.

Em muitas partes do mundo a principal causa do bócio é uma insuficiência de iodo na alimentação, pois a sua deficiência dá origem ao aumento da glândula.

O bócio pode variar em dimensão, desde uma protuberância quase imperceptível até um aumento enorme, dependendo da sua causa. Grandes aumentos podem comprimir o esófago ou a traqueia, dificultando a deglutição e a respiração.

O diagnóstico é elaborado com base na natureza do aumento, os sintomas associados e nos resultados de análises de sangue. O bócio não provocado por doença pode desaparecer naturalmente ou diminuir a ponto de não ser recomendado qualquer tratamento. Contudo, quando o bócio é grande, ou visível exteriormente ou dá origem a dificuldades de deglutição ou respiração, pode ser necessária a sua remoção total ou parcial. Se a deficiência em iodo estiver identificada como causa, o doente deve ser aconselhado a comer mais peixe e sal iodado, que são ricos nesse mineral. Quando o bócio for resultante de doença, o tratamento visará o problema subjacente. Se decorrer de medicamento, o bócio normalmente desaparece assim que acabar o tratamento.




Hipotiroidismo com papo e hipertireóideo com exoftalmia


1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho Hipotireoidismo já ha alguns anos, descobri agora que tenho dois nódulos, 3 e 5 mm .
Não há evidencias de malignidade no ultrassom, mas está me incomodando um pouco para deglutir alimentos.
Será que é psicológico ou realmente nódulos tão pequenos podem causar este tipo de desconforto ???
Se alguem puder me dar uma orientação, agradeço.
Estou com consulta marcada com o Endocrino mas estou um pouco nervoso, pois tenho medo de ter de tirar toda a tireóide.
Um abraço.

Contato
Marcos - makairal@jfsp.jus.br

Era uma vez..

Era uma vez um grupo de alunos (5 gatos pingados) que resolveu ocupar o tempo livre criando uma seca de um blog que no fundo, bem lá no fundo, até tem interesse!!! As Anas Ritas, a Juliana, o João Pedro e um tal de Nuno Duarte decidiram criar este blog, quase, quase perfeito, para divulgarem o seu projecto, " A tiróide sob investigação", no âmbito da disciplina de àrea de projecto e , finalmente, aqui está ele, prontinho a receber comentários, propostas, dúvidas e mesmo críticas, por isso estão a espera de quê??